Meu amor é ilha
Não depende de ninguém
A falta dele é minha
Sua dor só a mim vem
 
Crio sozinho o lugar
Que me condena a vagar
Eternamente sem lar
 
Mas o acaso me esbarra em ti
E engasgo, sem querer
Me lembro de quanto sofri
Eis dor, pois relembrar é reviver
 
Nestes azares do destino
Aos poucos me desfaço
Minhas lágrimas eu escondo
Num sorriso me disfarço
 
Mas a máscara cai
E a vida se desfaz
Pois é castelo de areia
Que na maré me trai
 
No respirar da onda
Minha calma se faz
Mas não tarde se finda
O meu resto de paz
 
Meu castelo desaba
Tua onda vem sem dó
E se desata meu nó
Que de ti me guardava
 
E sigo caminhando. Carregando sozinho um simulacro de afeto. Arrastando pelas esquinas um peso só meu. O que me prende sou eu, mas o que me liberta ainda não está em mim, por isso o pranto, a dor e amargura. Mas de que adianta a consciência do problema se o sentimento repudia o pensar? Para continuar caminhando.

Eduardo Pereira
© Todos os direitos reservados