Por que dia, amanheceu,
Se enfeitou de vida, brilhou.
Suavemente choveu,
Mas de nada me agradou.
 
Por que há tanta beleza,
Tanta luz em cada olhar.
Mas em mim uma tristeza,
E essa vontade de chorar.
 
Por que há em mim o sofrer,
e a paz não me procura.
Por que voltas a ascender,
A chama da amargura.
 
Por que de mim arrancou,
Os amigos os amores a alegria,
E um grande vazio deixou,
Ingrato insensato dia.
 
Mas a noite se aproxima e então,
O crepúsculo no céu anuncia.
A temível escuridão.
Que me atormenta e me alicia.
 
Nas trevas nada vejo, nada sou,
Amargurado mais ainda fico.
Por que ela me abandonou,
Noite e dia suplico.

Sartorato
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