24/07/2006 18:14
Eu quero falar de você, de mim, da vida...
Do amor que sinto, da saudade que você deixou, da vida que eu não vivi.
Quero contar paixões inesquecíveis, avassaladoras e tristes; e quero dizer que vivi cada uma delas. Uma por vez sem pressa, sem ponteiros de relógio, sem distâncias e dizer que as perdi como cada fio de cabelo que o tempo leva embora e as vezes nem percebemos.
Dou-me um minuto de silêncio (mais um) só para tentar ouvir o eco de sua voz que talvez ainda percorra em meus ouvidos. Peço (a quem?) com toda a fé que me resta para que sua imagem não se vá como as chuvas de verão e que seus olhos não deixem de olhar daquele jeito que até agora me rouba o ar.
Tenho medo que seu cheiro desapareça de minha roupa assim como sua imagem que se empoeirou diante de meus olhos para todo o sempre; e de sua boca agora eu dou um adeus lento e atento. Sinto-me em você!
Quero agora falar da paz, da felicidade, da segurança que seu amor ausente me dá.
Eu posso andar nas trevas ou diante de meus inimigos - todos eles - e me sinto mais protegida que antes; como se braços invisíveis me segurassem e não deixassem nada de mal acontecer. Eu ando, ando e não sei o fim... Mas lá no final sei que você me espera e você sabe que ainda vou chegar. Não contamos o tempo e sim as marcar deixadas por ele.
E agora eu quero e preciso falar de mim... lhe contar por onde andei e os amores que eu não tive, os que se perderam de mim e aqueles que eu jamais soube viver; dizer os sonhos que sonhei o que realizei por mérito e o que não soube roubar para mim.
Mesmo assim eu não desisti... por você e mais ninguém.
Agora sozinha eu olho lá fora e a vida me espera como jamais esteve comigo antes; talvez ela saiba que jamais estaremos juntos novamente e quer me dar outra chance. Ela sabe que sempre fui eu antes de você e que aquela velha força ainda esta em mim.
Eu aprendi com sua ausência e não sei se isso é bom ou ruim, mas se faz necessário.
Os mesmos braços que me acolhem diante do mal me abraçam agora e eu entendo que é a solidão - única e real - desde sua partida.
Falando de você, de mim, da vida eu lembrei de minha esperança e das coisas que eu ainda quero ter ao meu alcance; coisas bobas, mas que fazem a diferença para minha existência.
Os ponteiros do relógio talvez não contem o tempo para nós, mas eles com certeza expressam que a vida passa e que as ilusões morrem aos poucos como o fogo para a chegada das cinzas e será assim de agora em diante.
Eu aprendi que nós não somos nada sem amar vida e que a vida não para se nossas escolhas estiverem erradas. Aprendi que a vida é maravilhosa demais e que não vai esperar para que sejamos felizes. Nem mesmo nós!
Talvez a maior lição que a vida nos dá é que nunca é cedo demais para amar e que não somos jovens o suficiente para sofrer ou morrer por amor e nem velhos demais para começar tudo de novo.
Eu olho de novo para o meu fim e agora sei que talvez você não esteja mais lá e isso é uma escolha minha e não do destino.
Talvez você não me espere e isso faz a vida acontecer para você e para mim.
Jogamos os dados!
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