VOU FECHAR O ESCRITORIO , ABRIR MEU CORAÇÃO E AMAR VOCÊ

 Hoje vou fechar o escritório e chegar mais cedo
Vou me esquecer do trabalho e rasgar a agenda
Não vou ligar pros amigos, nem abastecer o carro
Mãe, amanhã falo com você, me manda uma oração
 
Hoje vou passar no pé da santa e rasgar a batina
Vou por uma vela de sete dias pra queimar 
Comprar uma cerveja gelada, dois copos lagoinha
Dois quilos de picanha, um saco de carvão vegetal
 
Hoje não quero o jogo empatado, no campo adversário
Nada quero perder, só ganhar você, num importa o campo
Se for um a um, a vitória é sua, faço até gol contra
Durma em minha cama e me chama, sem despertar a dor
 
Hoje não quero saber da bolsa, da loucura e do calor
Nem se o dólar caiu ou se caíram, nem do meu cunhado
Nem se o político fez novo projeto ou se o presidente sarou
Ou o se o congresso funcionou na segunda e nos outros dias
 
Hoje vou tirar o leite da velha vaca bonina e tratar do bezerro
Vou passear a cavalo pelos pastos floridos e rever as cercas
Mais à tarde vou tomar leite com café e farinha torrada
Comer pão de queijo com goiabada e doce de leite
 
Hoje vou tratar dos porcos com leite azedo e fubá grosso
Vou pegar um frango no quintal e o quiabo na horta
Tomar uma pinga de milho e moer cana caiana
Só prá sentir como a vida na roça é maravilhosa
 
Hoje à noite tem reza na capela da fazenda pra nossa senhora
Aquelas ladainhas que poucas pessoas sabem rezar
Igrejinha apertada de poucos bancos duros e de madeira
Bem escura, fria, sem muro, sem santos, sem padres e muita fé
 
Hoje não vou comprar jornal, vou desligar o rádio e a televisão
Vou soltar os cachorros, os pássaros, as galinhas e o pensamento
Vou amar você em todos os momentos, a cada segundo, só você
Com ladainhas, igrejas escuras, vacas, goiabadas e muito amor

 

Jose Machado Veríssimo
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