O Saco de Lixo


Estava lá,
Mais negro que a escuridão.
Em meio a desordem vista.
Dentre os vermes sangüinários.
Rente a putrefação eterna.
Na fronteira do inferno.

Estava tão podre.
Mais podre que o podre.
Perfumado pelo demônio.
Sabotado pela ignorância.
Mas estava lá,
         sóbrio, silencioso e solitário.
O saco de lixo.

Aquilo estava tão podre.
Que as criaturas mais bestiais
Não ousavam cruzar seu caminho.
Estava tão podre,
Que tudo ao seu redor perdia
vida e esperança.
Mas estava lá,
         sóbrio, silencioso e solitário.
O saco de lixo.

Aquilo estava tão podre.
Que até os urubus voavam longe.
E os ratos não passavam perto.
Mas o menino tinha fome.                  

Ramon Mulin
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