Debutante á velhice, porem, feliz.

Debutante á velhice, porem, feliz.

 
 
A dor expressada em minha face atrigada
que é me dada pelo espelho, não é
uma dor  de fracasso, é apenas
uma dor aqui no peito, fina, matreira,
que jaz pela lida que se encerra em meu cansaço.
Sinto em mim os anos pesando,
algum trejeito ainda tenho,
alguns vou perdendo, outros vou somando,
sempre tentando; fazer tudo perfeito.
Vejo dois mundos, neles vou galopando.
Num vejo as cinzas do fogo quase apagado,
no outro, o tempo...Em minha frente urge como
numa grande carreira rumo a partida.
Fiz fortuna sim, tesouros no coração,
descobri e lavrei grandes jazidas...
de amigos com os quais dividi as sombras,
na quietude dos entardeceres.
Ao bater da ave Maria me ponho solene a contemplar
as horas mortas onde as coisas do dia adormecem,
e as da noite fazem o seu amanhecer.
Entre ganhos e perdas, encantos e desencantos,
fui galgando os degraus...Da minha existência
como a grande palmeira que expande sua copa,
vertendo sementes pela floresta, alimentando de frutos...
o nosso chão. Vejo minha prole crescendo
e confiante no futuro, desejo que os meus
sonhos se realizem neles, pois,
já dizia Zé Geraldo que a vontade
dos filhos é o desejo dos pais.
De alma alva e digna sigo em meio aos jardins
onde todas a flores são cobiçadas, porem as adultas
tem em seus espinhos a experiência, já as rosas em botão,
têm o frescor de uma tarde perfumada de primavera.
O hoje rompe a passos largos rumo ao amanhã
do qual não tenho a certeza de chegar. No Grande baile
da vida dançamos ao sabor da melodia sempre ensaiando
novos passos para não cair nas malhas da mesmice.
Alegro-me ter gozado o alvorecer e o entardecer da vida,
mas, me pego pensativo, pois me vejo
como; "Um debutante á velhice"

 

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