À minha mestra

 

A cidade está vazia...
Solidária aos corações.
Triste e irreparável partida...
Desafio às emoções!
Cumpriu-se a lei da vida.
Um dia ela iria,
mas que não fosse agora,
que não tivesse hora,
ou ficasse para sempre
a colher os frutos
que suas mãos afagaram...Sementes!
E hoje curvam-se, em reverência,
àquela que as plantou,
àquela que as amou,
fertilizando-lhes a essência,
fortalecendo-lhes as raízes,
enaltecendo-lhes a cor e o sabor,
mostrando-lhes o verdadeiro valor!
Com seu carinho de mãe,
sabedoria ímpar
abraçada à humildade
exclusividade dos sábios,
dos que plantam pra posteridade.
Se foi...assim como veio,
com galhardia, sem alarde,
silenciosa, repleta de anseios
que irão se concretizar...se perpetuar.
Com elegância, dignidade,
gigante na figura frágil...

Hoje as letras estão mudas,
tarjou-se de preto a poesia,
as rimas...sem arrimo,
a literatura sem onde ancorar.
Agora ela semeia
pelos campos do Senhor...
A cidade ficou triste,
mas o céu se iluminou!

(Carmen Lúcia)