Cajueiro Pequenino

Ainda ardiam fogueiras.
Contam os pássaros mais velhos, que na folhagem do cajueiro pequenino, um passarinho de asas cansadas da vida dos homens, assoviava versos de despedida com sons de dobrados do Apolo harpejados numa Lira encantada.
Seu canto falava do mundo, da vida que passa, do tempo que passa, do sonho de paz no seu cajueiro pequenino.
Ele conhecia o caminho das estrelas e as sentenças do tempo. Ele fora Uirapuru em outras planicies submersas.
Dizem com tristeza imensa, que de repente, subitamente calou-se e cruzou os horizontes de Nagassaki e Hiroshima, a balbuciar uma ultima rima no seu regresso universo. os jacarandás mais antigos o viram feito Spleen, o eterno menino, que carregadinho de flor precipitou-se no infinito de asa solta e voou.
Ainda ardiam fogueiras quando amanhecia o dia debaixo do cajueiro. Ah! como ardiam saudades, contam os pássaros mais vlehos, a natureza não escondia a saudade daquele pequenino poeta, que diante do grande olho do céu tirou o véu das estrelas e cantou o amor.

Chico Porto
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