Era uma vez um sonho

Quando pequenina 
Formulei um sonho
Cuidei 
Amei
Um dia 
Percebi que algo ria
Cinicamente
Como se fosse tudo
E eu nada
De repente ficou mudo
Eu nada enxergava
Só ouvi o gemido
Surdo, que cessava...
Então vi o que me cegava
Era um punhal cravado 
No coração de meu sonho
Mais ele não o matou
Apenas o machucou 
Então todos os dias
Afundava cada vez mais 
Fazendo o suportável
Insuportável
Vivo persistia
Não como um vendedor 
Mais como um sobrevivente
Uma voz veio e susurrou
Blasfêmias contra meu amor
Contra meu ideal
Então Fracassei
Fui desleal
Fui-me embora
Quando voltei
Encontrei
Morto
Sem a lança em seu peito,
Arrasada fiquei
Confesso
Fui eu quem matei
Aquele que tanto amei
Agora vago
durante o dia 
Durante a noite
Durante o sempre
Sem destino
Sem caminho
Sem aquele a quem desprezei
Apenas sequindo
Não chorei
Tampouco sorri
Morta 
Apenas Vivi

Camila de Araujo Lopes
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