ANJO CAIDO

 
Nunca vi tanta maldade junta em um só coração
Tenho vontade de chorar mas não consigo,
Perdi minhas asas ao cair,
Chamei meu pai
Mas parece que ele quer que eu fique aqui
Por que meu Deus?
Fui trancado numa jaula pra apresentações de circo,
Eles jogavam amendoim em mim e riam de mim,
Pediam para pular e fazer caretas engraçadas,
Da minha auréola jogaram disco,
Calçaram-me sapatos de marca, calça jeans e gravata social,
E tive de trabalhar 8 horas por dia,
Deram-me um barraco na favela
E todos os dias eu volto de ônibus lotado
E sou assaltado na esquina.
Minha jaula não tem luz pra iluminar,
Quando tenho tempo de orar ao Senhor
Logo tenho de acordar,
Meu Criador me ajude
Estou sofrendo muito aqui
Minhas asas estão demorando a crescer
O que eu faço?
_ “Meu anjo, esta é uma provação que estou lhe impondo
Faço isso pra ver o quanto se parece com eles
E o quanto sua fé se equivale a deles,
As pessoas que lhe fazem agora sofrer
Oram todos os dias mas não pedem pra suas asas crescerem,
Você é um anjo e deves lhes proteger
Mesmo para que isso aconteça deixe de existir...
“Mas meu Senhor o que eu posso fazer,
“Teu filho aqui morreu, imagine o que farão comigo...”
“Tens muito medo, deixe que lhe protejo
anuncie o que foi anunciar, que logo Eu vou voltar.”
O anjo foi trancado no calabouço frio do esquecimento,
Seu Senhor voltou pra lhe buscar, suas asas cresceram, ele não quis voar.

Este poema mostra uma situação onde um ser puro é corrompido, digamos que seja bem difícil de distinguir quem corrompe quem, ou se é o próprio anjo quem se deixa corromper, bem mas deixamos isso para que os caríssimos leitores tirem as suas conclusões.

Minha mente

Diego Duarte
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