Chuva...
Presente de uma noite singular
Acariciando os ouvidos os sons retumbantes...
pequenas gotas
Suor do amor entre o céu e a lua
E olhos observam de perto...
ariscos... manhosos...
FELINOS
Desconfiados de um movimento mais brusco
companheiros de um sorriso tão fácil
instigando a pele a se esquentar
Aroma de mulher...
Inusitada cena dos anos 50:
As pernas semi dobradas, o colo entre as cobertas
a penumbra recobrindo a intenção e...
novamente o sorriso
Escancarando o peito que já não tem mais defesa
O coração, em pêlo, respira
Tinge de sensações o se fazia contemplação
e o impulso frente à caçadora é inevitável
E de presas as mãos, de enlaçados os braços
de juntos os risos, os olhos...
cravando ao pergaminho da pele
a tremula pena do instinto
em unhas de dedos arqueados
e pressão de mãos possessivas
_Respira... que agora é a alma que precisa do corpo
e o corpo encontrou seu motivo
_Respira... que o motivo da alma é um estar junto
_Respira... que uma existência se passa por esse instante
e um instante sublimado se mostra à têmpora de várias vidas passadas
Entregue o grito à sinfonia do suor lá de fora...
_Acalanta o corpo desse que foi amante
e agora é menino
ouvindo ao longe os gritos retumbantes
das últimas gostas que embalaram essa noite.

Escrito num ímpeto... num devaneio de boas memórias... recentes... aconchegantes
Antonio Sabino Filho
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