INCOMUNICABILIDADE

O beijo podia ser quente,
Daquele lábio aveludado
Coisa, outra, não seria latente;
Prazer em revoluções – convulsivo – e calado.
 
Enlace, confusão de gente,
Emberbes, insaciáveis, um só desejo;
Troca de carícias, sensação permanente,
Ébrios da saliva que corre por mútuo ensejo.
 
Permuta do amor, inviável sem o olhar,
Que na muda – e tola – timidez, não se cruza.
Boca ingênua! Não sabe que o belo, a se contemplar,
Não encontra palavras no pobre vocabulário que se usa.
 
Perdido no véu da incomunicabilidade,
Acossado... Oprimido pelo amor indeclarável.
Fugitivo de seus próprios sentimentos,
Ainda que na tenra idade,
Verte lágrimas pelo beijo improvável...

São Paulo, Dez/ 2007

Rodrigo Vides
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