Esses dias de chuva são traiçoeiros.
Traiçoeiros como os semblantes que teimam em invadir meus pensamentos, lívidos, angelicais, cândidos, passeando fagueiros em meio às floridas alamedas da lembrança.
Indomáveis, até, traiçoeiros como esses dias de chuva, quando lânguidas se tornam nossos gestos e atitudes, extirpando do cérebro o necessário, o minúsculo espaço, o mais remoto dos arquivos, onde guardamos as mais ternas recordações da vida.
Ah, esses traiçoeiros dias de chuva, não apenas a sugerir bolo frito, café preto, mas a sugerir aquilo que deixamos para trás, e que por alguma razão, em que pese o desejo de se perderem, não quiséramos deixar.
Ah, esses traiçoeiros dias de chuva !
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