Vi hoje uma cena triste...
 
Em um cenário bucólico,
com árvores, flores e a brisa suave –
clima este que inspira o amor –
presenciei o fim de um romance.
 
Foi estranho.
 
O garoto, aparentemente insensível,
passava de um lado a outro,
quase que não querendo dar atenção ao pranto da jovem.
 
Ela estava triste;
e muito...
 
Enquanto o seu amado parecia agitado,
a menina permanecia inconsolável,
ao mesmo tempo em que não se mexia.
 
Suas lágrimas sutis informavam a mim,
ainda que eu estivesse de longe,
que havia algum sentimento triste em seu coração.
 
Ela me pareceu desconfiada logo que percebeu minha presença.
 
E o garoto?
Onde está seu coração?
 
Sentimentos...
Será que ele os demonstrou e eu não percebi?
 
O garoto senta.
Ele está ao lado esquerdo dela.
 
Fica calado, enquanto a jovem sofre.
 
Passado algum tempo (não muito),
ele levanta.
Vai até um trailer logo em frente,
a uns cinqüenta metros.
 
Demora a voltar,
demonstrando assim o desconforto da situação.
 
Assim que cheguei ao banco em que estou sentada,
vi um casal, de cabeça baixa,
mas não havia percebido que a menina chorava.
 
Pensei que fosse ficar sem graça ao ver troca de carinho entre eles,
mas infelizmente, estava enganada.
 
Ele volta, e mais uma vez senta ao lado dela.
Parecem se despedir.
 
E é esse o momento mais triste...
Por isso evito olhar na direção deles.
 
Abaixo a cabeça;
tento ler alguma coisa.
Mas não consigo esquecer o que presenciei.
 
Será que estão mesmo terminando?
Será que a jovem não está triste por ter perdido um outro alguém?
Tomara que não...
que seja apenas o fim de um namoro.
 
Um amor compensa o outro,
mas a lacuna da morte não é preenchida por alguém que nasce.
São sentimentos diferentes...
e incomparáveis.
 
E agora?
O que farão das suas vidas?
Talvez algo mude.
A rotina, talvez.
 
Quem os irá visitar em um final de semana?
Quem fará com que eles se sintam novamente amados, amigos, companheiros?
 
Só o tempo dirá.
Não dizem por aí que ele tem todas as respostas?
 
Ele levanta.
Vai embora.
 
A garota deixa que sequem suas lágrimas;
e ela também, se vai.
Cabeça baixa e coração partido.
 
Vejo gente passando.
 
Passam ao nosso redor sem que se dêem conta da dor da menina.
Talvez apenas eu tenha notado seu sofrimento.
Ando tão distraída ultimamente...
sorte triste a minha de ter encontrado esse banco pra sentar.
 
São onze e vinte
e eu, aqui,
escrevendo memórias que não são minhas;
tristezas que eu apenas presenciei.
 
Mas qual o problema nisso tudo?
Eu, de uma maneira ou de outra,
participei desse momento.
Fui testemunha do final desse amor.
 
Talvez ele não quisesse olhá-la por temer voltar atrás.
O pior do fim é não poder sustentá-lo, por piedade.