Que fazer?
Se a distância que causa a morte
Selou a minha sorte?
Deixar de existir: morrer...
Por causa de mim,
E de coisas que eu fiz,
Tem que ser assim,
Do jeito que Ele não quis,
Que Ele não tinha planejado:
Eu morrerei infeliz,
Miserável, desesperado,
Distante do meu lar,
Separado do meu Pai...
Então só posso chorar:
Uma lágrima gelada,
Que traz consigo, quando cai,
Outras, e outras em seguida,
E ninguém pode fazer nada,
Ninguém pode me consolar.
Meu pecado custou minha vida,
E meu pranto não vai cessar...

Mas digno é o Cordeiro!
Pois neste mundo de desespero,
Onde a morte estava certa,
Uma porta foi aberta:
Ouviu-se a doce voz
De alguém que se dispôs
A dar Sua vida por nós.
Numa cruz Ele comprou
A humanidade perdida,
Seu sacrifício recompôs
O meu direito à vida.
E todo o céu silenciou
Na evidência desse amor
Que sempre me perdoou,
Até quando eu o matava!
No meio de intensa dor
Clamava: "Pai, o perdoa,
Ele não sabe o que está fazendo."
Enquanto eu O crucificava
Ele estava intercedendo
Por aquele que O magoa.
Reconstruiu minha existência
Suportando minha crueldade.
O castiguei com violência:
Era o castigo que me traz a paz!
Que me traz a liberdade!
Que tão feliz me faz!

Senhor, me ajuda a aceitar
Este dom incompreensível!
Senhor, me ensina a amar
O amor incondicional!
Concede o poder invisível
De querer o bem, não o mal.
Oh, Senhor, meu escudo,
Que me ama tanto assim,
Faz-me renunciar a tudo
Por quem primeiro me amou,
E primeiro renunciou
A tudo o que tinha por mim.