"A morte do cisne"

"A morte do cisne"

Últimos passos da última valsa...
 
Pas des deux, pas des bureaux...
Últimas piruetas, rodopios, calafrios,
Arabesque, developpés, coupés...
Chopin, Strauss...Noturno?Soturno!
Que se tisne o Lago dos Cisnes...
Leve-os a morte...cumpra-se a sorte!
 
Da doce bailarina, resta a rima...
 
Da ternura, pureza, purpurina,
Encantos que realçavam a magia,
Dos passos e repassos, luz que reluzia...
Nada restou...somente a noite fria...
E cara a cara com a vida,
Perderam-se encantos, queimaram-se fantasias.
 
Nos olhos agora, ar de ironia...
 
Não mais vê a vida como outrora via...
Mas,o talento ainda aflora e vigora,
E na “salida”molda a pista qual felina
Em direção ao par que o seu corpo alisa,
Revela as fendas laterais e sensuais,
De um vestido preto, colado, ousado, passional.
 
Ouve Gardel, ousa um “gancho”num bordel...
Num atrevido “ocho”,usa e abusa da atração...
Andar de gato, elegância e aparato,
A flor vermelha nos cabelos, um desagravo,
Seus lábios sorvem o gosto amargo da paixão...
“Y aquella noche lejana”.. triste recordação!
Tango e solidão...nada que cause emoção!
 
          Carmen Lúcia