Outro dia, caminhando, te encontrei
Me vi a passeio pela densa selva
Tu não percebeste-mes pois dormias
Fazias de leito a branda relva
E folhas caídas das árvores te cobrias.

Tu estavas reclinada a uma árvore
Se não me falha a memória, um carvalho.
Alto e belo, e fresco como o orvalho
Banhado de rosas aos seu redor.

Tu tinhas entre as mãos a face
Gesto indescritível de tão doce
fitavam-te as nuvens, como se falassem
Que o amor nasce em teu rosto. e ai se por mim fosse
Essa declaração a mais pura verdade.

Tu sono sereno era tão leve, tão profundo
Que quando, ao passar, o vento lançou-te um beijo
Tu o recebeste fechando um bocejo
Na maior inocência do mundo.

Aproximei, devagar, minha mão a ti e ti toquei
Deslizei meus olhos em tua pele aveludada
Passeei os dedos nos fios dos teus cabelos
E admirei tua boca, por mim desejada.

Gelei! Meu corpo inclinou-se de súbito ao teu rosto
Meus lábios tocaram os teus na mais linda harmonia
Do mel dos teus lábios senti, em meus lábios, o gosto
Te beijei (secretamente) enquanto você dormia.

Joadson
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