Eu tenho vovó.
No início lamentei não ter convivido
os últimos vinte anos com a vovó.
Então, sorri com as lembranças,
amareladas pelo tempo, da vovó.
Ia surgindo naturalmente, difícil de pensar,
porém fácil de sentir a presença da vovó.
Do nada lembrei das castanhas assadas
na rua dos remédios, casa da vovó.
Adoradora do milk shake de ameixa tomado,
ao lado do naútico, na varanda do "hotel da vovó".
Belas Festas realizadas na casa
do parque do cocó, jardim imenso o da vovó.
E as estórias da juventude rebelde,
contadas quantas vezes lembrasse a vovó.
Zangada justificava-se dizendo
que vivia a solidão a dois, vovô e vovó.
Era o bolero o som que embalava os
momentos nostálgicos das lembranças da vovó.
Rebeldia substituída por teimosia,
encontrada nas crianças e agora na vovó.
Razão de uma vida cíclica:
infância-maturidade-velhice-infância, assim vive a vovó.
Amor, caridade e desapego são o legado que recebo
e espero alcançar, como VIVE A VOVÓ.
Brasília-DF / Internação da minha vovó.
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