Por vezes,
A queda da neve espessa
Bloqueia caminhos,
Isolando o mundo exterior.
 
Nesta estação escura,
Batalha de sensações se trava,
Sem vencedor a merecer louro;
Nem perdedor a desdenhar segundo lugar.
 
No retiro forçado,
O rio é mais profundo
E a montanha aparenta elevada altitude,
Mera miragem da nova condição.
 
As emoções se cristalizam,
Propiciando a depuração,
O conhecimento da dor;
A saudade da felicidade.
 
A lama, gênese do autoconhecimento,
Mãe da humildade e pai da compreensão,
Ajuda no desvendar do outro
E humaniza a fórceps.
 
Sua textura de terra e água,
Nada mais é que o passamento da neve,
Que, perdendo a candura,
Impinge aprendizado.
 
O retorno do sol,
Ilumina paisagens esquecidas
E as marcas do período soturno,
Tudo a brilhar com a mesma intensidade.
 
No novo caminhar,
Regozija-se a sabedoria,
Que, plena, aguarda
A nova tempestade.

São Paulo, 01/03/2007