Qual um grito que na noite se consome...
Com palavras que a madrugada devora...
das frases emudecidas pelo vento...
Olhar distante perdido no tempo...
Aqui estou...

Semblante cansado de um vulto esquecido...
Com os pés descalços, postados entre
areias, cabeça erguida ao infinito distante...
Lembranças longínquas,esperanças dispersas...
Iludidos pensamentos, ausentes sentidos...
Aqui estou...

Qual melodia triste...
Como a mágoa contida,de esperas retidas,
abraços vazios...
Com o olhar escondido,um amargo sorriso...
Punhos serrados, braços estirados...
Lágrimas estagnadas...
Aqui estou...

Qual verso desgarrado...
De poema errante...
Como um conto sem frases...
De palavras repetidas,sem querer se mover...
Já sem tendo o porque ficar...
Aqui estou...

Vontade do não estar...
Querendo fugir,sem poder-se libertar...
Vontade de sonhar, querendo reviver...
Vontade de adormecer, sem ter que
acordar...
Aqui estou...

Quisera não mais estar...
No entanto, ainda menos...mais ...
Sem querer mais, sem mais  esperar...
Sem mais querer,nem ter mais porque;
Aqui ainda estou...

Querendo fugir,sem poder-se libertar...
Vontade de sonhar, querendo reviver...

Porto Alegre 04/004

Sonia Aly Salem
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