"APENAS UM CAFÉ" (prosa-poética).

Prosa-poética

Os passarinhos cantavam...
pulavam de galho em galho,
como se tivessem combinado
para me fazer chorar.
E sentado naquele banco
frio da praça, não sei se
magoado, triste ou desiludido.
Eu não sabia o que me levou
até ali, eu não sabia em que,
ou em quem eu pensava; eu só
sabia que os passarinhos...
perceberam, e que queriam
agradar-me, ou gozar da minha
cara; me levanto e saio a
procura de nada, ou caminhando
para lugar nenhum...eu paro
num bar onde pessoas cantam e
divertem-se, todos bebem e
comemoram alguma coisa, eu
não queria beber, de que adianta
afogar as minhas mágoas em um
copo de bebida...se no dia seguinte
eu sofreria muito mais.
No palco do bar alguém toca uma
guitarra, bem tocada por sinal,
eu fico a ouvir os acordes, mas
sem nada consumir, então um
garçom me pergunta se desejo
algo para beber ou comer, eu
um tanto envergonhado por ocupar
aquele espaço sem dar lucro algum
para aquele estabelecimento, peço
apenas um café.
Logo após, tomado por um desejo
estranho, caminho até o músico
que toca a guitarra, e peço para eu
cantar uma canção.
Começo a cantar sem nunca ter
subido num palco antes, e logo
na primeira parte da música; ouço
aplausos, e ao terminar de cantar
a clientela toda pede bis! Eu sem
jeito acato o pedido, e canto outra
canção.
Tomado por uma força misteriosa,
eu já me sentia íntimo do palco, e
cantei várias canções.

Foi apenas um pensamento de ficção, e se para alguém pareceu pessoal, terá sido mera coincidência.

São Paulo, Março de 2006.