Ao balbuciar dos ventos recônditos,
Ao estalar das rosas sacrossantas,
Perdura-se o meu pesar por não lhe falar:
Que tenho os sonhos mergulhados de anseios
Exasperados
E um tremor adoecido em meu peito,
O terror de um possível amor.
Ao sorrir da madrugada,
A relva iluminada pela prata singela
Desse facho de luz que derrama a lua
Sob os fiascos de matos tristes e frios,
Numa dourada manhã, com cristais de louros,
Alvoroçados no ar.
Devora meu coração, monstro impiedoso,
Tranquiliza-me ao menos.
Amordaça-me junto a vales secretos
Onde eu não possa sequer chorar,
Nem me lamentar ao mundo.
Oculte, nas sombras,
A semente flamejante dessa alma
Estraçalhada de desejo.
Queimando como palha, nas falhas do silêncio,
E num grito, salienta-me o precipício!
Emudece-me de risos,
De gestos infelizes.
Acalenta-me com braços esgotados,
Com abraços estiados, entardecidos...
Detenho-me a partilhar sozinha,
O instante do meu gorjeio de dor.

19/06/06 e 21/06/06