Lua cheia
No quarto,
Um fogo crescente
Cabrita solta no pasto,
Loba uivando no cio
Fareja meu rastro
Me arrasto,
Ofereço resistência,
Tento fingir demência
Mas você não dá sossego,
Invade meu íntimo
Com a fúria da maré,
Sabe como é,
Toda paixão dá coragem
Vem se esfregando,
Vazando por baixo
Querendo vadiagem
Você se sente à vontade
Dança com liberdade
Preparando a cilada
Do corpo
Tão uterina,
Tão feiticeira,
Tão perigosa
Doce a cada mordida,
Terrível na trama,
Às vezes faz drama,
Entra em ação
Sem pena
Bela açucena
Aberta e molhada
A dor e o prazer
Se fundem
No seu rosto
Bendito seja o seu gosto
E os demônios
Que nos salvam
Da culpa
Que luta
As tentações deixam
Marcas de unhas
Nas costas
Serpenteia linda
E louca
Estou na ponta
Do adismo
Que fase da lua é essa
Que mistura Suor e absinto?
Tatiane Correia
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