Nossa vida é pautada pelas escolhas que fazemos diariamente. Cada momento em nosso viver estamos escolhendo e decidindo o que fazer, como fazer, por onde caminhar, enfim, como viver. Muitas pessoas, motivadas por um viver agitado e estressante das grandes cidades, quando chega o final de ano, cessam todos os pensamentos angustiantes, as decepções, tristezas e mágoas do ano corrente e concentram-se em uma nova maneira de como viver no ano seguinte. Os planos, as metas, objetivos e sonhos ocupam nossa mente nas escolhas e decisões que surgem em nossa frente. É preciso muita determinação para trocar nossa maneira de viver por outra, nosso relacionamento pessoal e profissional por outro. Essas trocam nem sempre são satisfatórias. Às vezes erramos nessas decisões.
            Faz oito anos que optei por uma troca radical em minha vida. Troquei a cidade grande por um vilarejo no campo. Troquei os sapatos pelos chinelos, as calças pelas bermudas, a pressa e a agitação das pessoas da cidade pela calma das pessoas no campo. Troquei o céu cinzento, carregado por todo tipo de gases nocivos à saúde humana por um céu claro com noites estreladas onde é possível compreender a inspiração dos poetas e o quase extinto romantismo. Troquei a sisudez das manhãs caóticas, causada por um trânsito irritante de buzinas frenéticas acionadas por motoristas descontrolados, semáforos que causam mais transtornos do que ajudam na fluidez do trânsito por ruas de terra onde aprecio a natureza o que dá mais brilho às minhas retinas. Troquei um bom dia sem graça, muitas vezes hipócrita, outras vezes orgulhoso e formal, por um alegre, simples, humilde e contagiante.
            Troquei o despertador que anunciava a dura realidade de um dia que despontava cheio de incertezas, confusões e luta pela sobrevivência, pelo canto dos pássaros que me despertam para a verdadeira vida. Troquei os fast-foods pela boa e deliciosa comida caseira. Troquei as enchentes e inundações do fim do dia, que geram revolta, pânico, destruição e morte pelas correntezas de um rio abundante, límpido e cheio de vida. Troquei a desconfiança, o pé atrás, a carta na manga da camisa, as meias palavras, porém, carregadas de segundas intenções, pelo sim ou não, porém, sincero e honesto onde o crédito na palavra dita vale mais do que um contrato assinado e registrado em cartório. Inda estou tentando trocar o vício da mente acostumada com os valores e pensamentos egoístas, assustada, adaptada ao estresse das grandes metrópoles, por pensamentos e atitudes modestas, sem traumas, sem medo, livre para receber sem impurezas o que ouço e o que vejo da maneira como realmente são. Ainda não deu para ponderar o resultado dessa troca. Acredito que somente o tempo me dirá o quanto vou ganhar ou perder, porém, uma certeza já brota em meu interior: que a vida é única, espetacular e bela, mas, a maneira como vivemos é que dirá se nossas escolhas e decisões foram corretas ou não. Feliz 2024.

Zeca Moreira
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