Não sei você,
Mas eu, sim.

Vivo tentando trazer de volta, momentos.
E olha que consigo.
Num ínfimo espaço de tempo,
Nas fotos.

Nas tardes frias de primavera,
Quando a solidão me espreita,
Espanto-a com doces lembranças,
Ao folhear antigos álbuns de fotografias
Esquecidos nas gavetas,
Recheados de pessoas queridas.

Fotos amareladas pela ação do tempo,
Quase apagadas.

Gente querida.
Muitas estão por aí,
Algumas já partiram.
Todas elas,
Aguardam pacientemente,
Minha visita.

Então,
Puro fingimento,
Tragoa-as de volta.

Tranco todas,
No coração.

Lágrimas, 
Escorrem por meu rosto,
Banham minha saudade.
Por um momento nossos olhos se cruzam.
Posso sentir o calor dos abraços,
O perfume deixado nas mãos que se apertam.

Sem saber se cumpriremos ou não,
Selamos um compromisso.
Um dia,
No azul do infinito,
Sob o olhar do sol,
Lua e estrelas,
Um reencontro.

Maria Isabel Sartorio Santos
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