Olhares perdidos em águas salgadas
- Olhares em nome dos velhos tempos:
Tempos queridos, sem horas marcadas,
Sem dia nem noite, sem brisa nem vento,
Só nossas almas num compasso ambígüo;
Palavras perenes, pensamento antigo.
Olhares feridos em brilhos amargos,
Fitando ex-amores perdidos no nunca,
Lembrando sentidos, futuros passados:
Mandando a resposta e depois a pergunta...
Emoções que se foram mas permaneceram
- Permanências impostas - e vozes se ergueram.
Olhares - sentidos no extremo da vida:
Olhares para trás, enxergando o além,
Palavras nos ares, caladas, tolhidas,
Num ponto infinito que o todo contém.
Visões ofuscadas por luzes do breu:
Olhares divinos nos olhos do ateu.
Olhares sumidos nas sombras colhidas
No curso da vida: amarga provisão...
Olhares sem foco, visões reprimidas,
Que precisam de luz pra chorar a canção.
Necessitam de amor a fim de desvendar
Os egrégios mistérios de um simples olhar.
Olhares aflitos nas luzes ceifadas,
Suspensos em lampejos de penumbra
E prostrados perante imagens amadas
Que, do meio do nada, seu cerne vislumbram,
Fazendo dos olhos brotar um calor...
Luzindo na alma raios de esplendor.