A privacidade se opõe a quem se faz público

O planeta está em colapso e a humanidade segue afogando-se na ignorância. 
Amo pessoas! Conversar, interagir, aprender, vivenciar as possibilidades. Porém, existe uma linha tênue entre indagações com respeito e suposições, difamações, gestos desumanos com o próximo. 
Com todo prazer respondo e sempre responderei todos os questionamentos. Entretanto, antes de questionar, coloque-se no lugar do outro; perguntar é um direito, humilhar é maldade.
Lamentavelmente ouço as seguintes inquirições: “ Você gosta de mulher? Você não tem vergonha de vestir-se de mulher? Seus pais ainda aceitam você em casa? Você está desempregado porque fica com estas coisas de marica na internet. A Matilde não faz sucesso, porque você é preto, você já pensou em passar a personagem para outra pessoa? Você não come carne, mas veste-se de mulher na internet? Quando você vai parar de servir o demônio? Vestir de mulher não é arte, é falta de vergonha, coisa feia, você não vai desistir? “Você é artista, você é contra a família tradicional, pela a sua voz, andado e cor, eu sei quem é você, você é comunista? Você acha que é bonito? Pobre não deve sonhar, ainda mais pessoas que vem de vila, pare e pensa. Até quando Matilde Caetano? Pode-se dizer que você não fez nada na vida, vergonha. Você nunca será um mocinho de uma peça de teatro ou trama televisiva, com esse jeitinho, precisa aprender a andar igual homem e falar como homem. Se a Matilde Caetano, fosse branca, tenho certeza que já era um sucesso. Pensando melhor se você fosse branco, tudo seria diferente. Você já pensou em deixar outro ator, com um tom de pele mais claro que o teu, interpretar a Matilde? Poderia ser uma atriz, o mundo ainda não engole um homem vestido de mulher. É só um conselho, você é inteligente, vai me entender. É uma vergonha você ficar se vestindo de mulher, depois não fica famoso nada e todos vão ficar falando mal de você. Estou te demitindo por ser uma bicha amorosa. Você não vai chegar em lugar algum.... Boiola preto, pobre, vileiro, uma aberração. Você está louco, gente como você o povo mata! ”
Precisamos refletir o que estamos falando para o próximo mais próximo de nós. 
Expor um artista não é agredir, denegrir, coagir, violar... O artista é um ser sensível que utiliza dos seus dons para apresentar o belo, trazendo alegria, leveza, paz, reflexões, ordem e progresso. 
Vestir-me de mulher não altera o meu caráter, a minha dignidade e a coerência das minhas ações. Não vou abandonar os meus ideais, não sou só um homem que vestisse de mulher, sou um ser humano que acredita na alegria, no humor, na vida, na humanidade, no futuro de igualdade, liberdade e fraternidade. 
Que a sabedoria seja o nosso ponto de partida e o amor o resultado do nosso trabalho. Não vou desistir! Com o coração cheio de esperança, e confiante no amor que sustenta a humanidade, não hesitarei em realizar o meu trabalho. 
Eu sou o movimento de resistência, o grito contra os preconceitos, a motivação de seguir acreditando na humanidade, na esperança de dias melhores. Não sou fraco! Com amor venci: o ódio gratuito, a pedofilia mascarada, a frieza do bullying, a hostilidade do preconceito social, religioso, racial, sexista, xenofóbico... O egoísmo do outro, despertou a arte de amar que reside em mim.