ESTRANHA(?) APATIA
O estranho e odioso proceder
Ao negar a tradição suprimida
Esquecida no álgido anoitecer
Aflora ignava apatia escondida
Onde se ocultava torpe atitude
Que não se permitia aparecer?
É o destino da humana virtude
Ou inépcia em se compadecer?
A sublime vocação de um povo
Jogada na lama do arbítrio novo
Revela a essência de uma nação
Ferida no orgulho da compaixão
Calada diante do invisível flagelo
Desperta para lutar o bom duelo
Marco Antônio Abreu Florentino
Soneto crítico ao comportamento passivo e indiferente do povo brasileiro diante dessa catástrofe sanitária que, em pouco mais de um ano, ceifou mais de 400.000 vidas de uma forma horrível, sem palavras para descrever tanto sofrimento, na qual as vítimas morrem afogadas no seco, longe dos seus entes queridos.
Onde está a reação dum povo que, tradicionalmente, em sua história, sempre foi descrito como alegre, emotivo e solidário com o próximo diante das mazelas e adversidades próprias de um país do terceiro mundo?
Será que perdemos nossa capacidade de nos indignar com o sofrimento alheio?
Compreende-se que boa parte da população age dessa forma acompanhando seu líder que, no caso brasileiro, trata-se de um comprovado terrorista histórico, incompetente e genocida que nega a pandemia em curso, incentiva o uso de tratamentos comprovadamente ineficazes e a não adoção de medidas protetivas, como também mostra total insensibilidade à tragédia que se desenrola no país, deixando evidente os sintomas de uma personalidade psicopática.
Apesar disso, a amplitude do colapso sanitário, social e econômico advindo dessa postura, não tem sido suficiente para uma reação mais ampla e efetiva da nação brasileira em resposta a tanta desgraça.
A criação de uma CPI para investigar as falhas gritantes das autoridades, principalmente a nível federal, ainda é pouco e incipiente para uma efetiva reação.
Mas o poema deixa claro na sua última estrofe que, a esperança de um despertar da nação brasileira, motivada por seu orgulho patriótico e essência humanística, vai prevalecer e enfrentar com altivez, mais uma calamidade na sua história.
https://youtu.be/tX7cqBreLUY
(Língua - Caetano Veloso)
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