Com os olhos fitos em frente ao espelho eu vejo.
Ali observo profundas cicatrizes deixadas aqui.
São densas marcas que os anos deixaram.
São muitas vezes incompreensíveis a mim.

Como a arma de um poema em rima perfeita

Que demuda completamente a vida de quem o lê.
É preciso saber que as cicatrizes aqui deixadas
Não é de nenhuma ferida no corpo, não, não é.
Está longe, no fundo do fundo do denso ser.

Meu corpo tornou-se refúgio de marcas.

Estas marcas, eternas feridas sofridas, decompôs
Minha alma e tudo o que existe de sólido dentro dela.
Tais cicatrizes é o puro anseio escondido nos sonhos.
Elas se alojam nas recordações e fazem brotar uma
Nova semente nos áridos solos do coração.


Das cicatrizes do meu existir esta é a que ei de guardar,
Por que ela revela sagrados segredos
Que o senhor tempo não pode apagar.
 
Não! Não é uma nódoa da desatinada dor!
Será a marca deixada por um amor...?
É apenas a incerta certeza sem paz
Que a gente sente quando algo se desfaz.
 
Não falo de algo qualquer. De modo nenhum!
Falo do brilho de um luar refletido no mar
Mas que é, infelizmente, levado pelo vento.
Inda que levado, sou agraciado por ser marcado
Com essa tão doce! Tão amarga!  
Tão efêmera e tão eterna cicatriz.

Ozeas Genaro
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