O Estertor das Horas

 
Que a força do medo que tenho

Não me impeça de ver o que anseio;

Que a morte de tudo em que acredito

Não me tape os ouvidos e a boca;

Porque metade de mim é o que eu grito,

Mas a outra metade é silêncio


Oswaldo Montenegro, Metade
 
 
 
 
 
Eram três e cacetada,


quase quatro e pancada.


Para as cinco e facada


faltava pouco,


faltava um soco!




Às seis e chute


é que eram elas...


Era a hora do coice,


do açoite, da sacudidela.




As sete viriam


como um eritema,


uma equimose, uma hematose,


um hematoma.




Às oito estava em coma,


estirado na cama,


barriga pra cima;


nada se movia.


Às dez e doze morria.