“Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio;
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca;
Porque metade de mim é o que eu grito,
Mas a outra metade é silêncio…”
Oswaldo Montenegro, Metade
Eram três e cacetada,
quase quatro e pancada.
Para as cinco e facada
faltava pouco,
faltava um soco!
Às seis e chute
é que eram elas...
Era a hora do coice,
do açoite, da sacudidela.
As sete viriam
como um eritema,
uma equimose, uma hematose,
um hematoma.
Às oito estava em coma,
estirado na cama,
barriga pra cima;
nada se movia.
Às dez e doze morria.
Fábio Jorge de Mello
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