Caminhada na Cidade

Caminhada na cidade
-I-
Esta cidade, minha cidade! Parece um enorme cartório de notário.
Povoado de tédio e funcionários.
Duas moscas dialogam atrás do vidro da minha janela lunar
Um morto vagando, chora sentado no degrau de uma escada suja!
-II-
O betume se faz tatuar uma silhueta anônima em giz branco
A mulher do notário balança os quadris
Esquilos filosofam sob as árvores de um parque taciturno e verde.
Um homem feliz do seu poder monta um ilusório Mercedes preto!
-III-
Uma padeira, branca e perfumada, olha ao longe na esquina da enésima.
O homem enfarinhado limpa as mãos.
Gatos procuram um acordo fúnebre com ratos, inconstantes e fugazes.
Um horizonte de cães molhados se levanta, cassetete na mão, solidões e poder.
-IV-
Solidões, luzes vermelhas e sinais, olham o prefeito na TV – O Aprendiz -
Roberto Justo deixa cair uma flácida lágrima.
Os pássaros se calam, a chuva não é a chuva, o dia não é o dia.
Em confabulações sionistas, codificamos nosso coração por trás de uma máscara.
-V-
As moscas, esquilos, árvores, gatos, ratos e cães atordoados.
Olham para os restos da frágil liberdade.
Os pássaros se calam, a chuva não é a chuva, o dia não é o dia.
Os pássaros são silenciosos, a noite não é a noite, e imploramos por migalhas.
Poème à dire - Aldo Orellana  

 
Tradução – Fátima Hibari

Fatima Hibari
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