Um casal já velhote,
Lamentando a sua sorte,
Lembrava-se da mocidade e só falava de morte.
Um certo dia cansados sentadinhos à lareira,
Um tanto contrariados falavam desta maneira:
- D'us queira que eu vá a frente dizia o bom velhinho,
Para não sentir tristemente a falta dos seus carinhos.
Franzindo a testa a velhota responde ao marido assim:
- Se a morte bate a nossa porta que leve primeiro, a mim.
Foram-se deita, já de noite, a hora morta,
Quando ouviram bater a porta:
- Quem está aí a bater? pergunta o velho em tom forte.
Logo, ouviu-se aresponder:
- Venha abrir que é a morte.
Então o velhote simpático diz a mulher a tossir:
- Me deu uma dor reumática que a porta não posso abrir.
Ouvindo isso a velhinha começou a se afligir.
Inventou uma dor na espinha para lá também não ir.
Mas, a morte estava irada não esperou prá depois,
Entrou com a porta fechada e levou os dois.
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