Agora que eu era quase feliz
é para me despedir do tempo,
entrar no epílogo de minha história,
ir calando as emoções sonoras,
guardar o sentimento que chora
e disfarçadamente pingar um ponto final,
até finalmente calar.
Abraçar uma nova velha fase
e com ela me descaminhar…
Guardar o que couber na memória
e o que sobrar deixar para nova história,
quem sabe do mesmo contexto
em que minha vida ora vigora.
Hoje o tempo me faz ir devagar,
o meu coração corre a divagar
e me espera onde não posso chegar,
onde os acordos eximem prioridades,
onde a fantasia se veste de verdade.
Os desacontecimentos florescem
num tempo que já não me quer.
O mesmo que me ensinou a amar,
a viver sem percebê-lo passar,
(foi tanto o que deixei escapar)
a cada dia em novo cais aportar.
Há um pedaço da alma em cada lugar.
Agora que me agarrei ao tempo
tenho que me desagarrar.
Deixá-lo ir, partir…
E eu (de)vagar,
ficar.
Carmen Lúcia
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