Ao chegar no trabalho, logo pela manhã como de costume, entrei, cumprimentei aos colegas, tomei meu café, assinei o ponto num ritmo de quem chega todos os dias mas, parece que somente agora me pesou algo.
Seria uma atmosfera diferente? Seriam as cores das paredes? Não, notei que esse algo era na verdade a presença de sua falta, meu querido(a) estudante. Compreendi afinal, que não seriam as cores das salas, as carteiras escolares ou um armário como mobília num lugar diferente que traz a beleza aos pátios e corredores.
Nem mesmo os painéis graciosamente decorados pelo esmero da coordenadora pedagógica, nos raros momentos de um tempinho extra, fariam tanta diferença. Percebi que num relance perpassando os olhos nessa sala de aula, a profundidade do silêncio de sua voz, muitas vezes embalada pelas meninices da tenra idade.
E para alentar, esta triste saudade tardia, vi deixado no canto de um quadro-negro já gasto pelo tempo, um recadinho simples mas carregado de sentimento com um gosto de ‘até logo’ de um alguém que nesta mesma sintonia, sentiu como eu o impacto de uma jornada que terminou deixando no peito a lembrança de nossa terna amizade interrompida pelo passar do calendário de mais um ano letivo.
Assim, dizia o recadinho: “obrigado professora por fazer parte de minha vida. Te amo. Cada um de vocês. Bjs!!”. Por fim, apaziguei meu coração como se fizesse as pazes com minha consciência ao descobrir que a saudade que eu sentia não era somente minha, mas de cada um que aqui chegou, viveu e partiu levando uma parte de nós cuja outra metade fica acalentando a parte de quem se foi.
A sala pode até estar vazia mas, no coração e na memória, carregamos as experiências significativas que nos foram permitidas viver. E aqui, vai também meu recadinho agora publicamente: “obrigado estudantes, por permitirem que nós professores pudéssemos fazer parte de suas vidas, até logo!!”
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