Por acaso passava por uma rua estreita e escura,

pretas as paredes e sujas as lixeiras,

o medo a andar mais depressa que meus passos,

o desejo de me safar deste labirinto crescia,

quanto mais depressa andava mais corria

minha pulsação sanguínea,

mais me esquivava de lançar olhares

como se tempestades avançassem sobres mares

outrora calmos de minha travessia,

eu de mim fugindo e minha alma

mais de mim fugia,

mas, eis que, de repente,

um brilho fugaz, quase escondido,

como se fosse uma lasca de vidro,

aos meus olhos veio e deu-me esperança

de que algo novo ali surgia,

e eu, como uma criança,

encontrei, a brilhar,

um caco de poesia...

 

 

 

 

 

Prieto Moreno
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