Tenho tudo.

Sempre terei tudo.

Quero ser tudo.

Por isso, imagino-me intenso sonhador.

 

Abro as portas de minha casa

E em derredor de mim este tudo vagueia.

Só que eu ainda nada sei desse tudo...

Será que é devaneio meio louco?

Não quero nem pensar. Dar-me arrepios!

Por enquanto permito que o pensamento navegue,

É que as águas estão mansas e tudo é possível!

Decididamente mergulho na obscuridade da vida.

Abro bechas para que a imaginação trabalhe

E me vejo num mundo colorido, sem preto e branco.

Meus desejos tomam formas palpáveis aos meus olhos.

 

Observo sinais que tentam levar-me ao desconhecido.

Freio. Não devo aventurar-me em estradas sinistras.

Dentro de mim ainda tudo é escuro. Claridade não há.

Passo a passo vou adentrando os pés, com cerimônia.

Não sei a que destino me levará esta aventura. E dura!

Horas e mais horas sem consultar o relógio. Só aflição.

Talvez seja melhor dar meia volta. Não! é covardia!

 

Sigo adiante. Vida e morte são extremos que consulto.

É fundamental que eu encontre este tudo. É loucura!

Ah! Começa a chover em minha consciência. Lama.

O solo está escorregadio. Muito cuidado. Estou chegando!

 

Afinal esbarro-me com infinito despenhadeiro. Altura!

Olho resignidamente para baixo. Tenho náuseas. Pânico?

Não. Sou tremendmamente corajoso. Fraquejar agora?

Deparei-me com o tudo e ele é a vida que me envolve!

 

 

DE  Ivan de Oliveira Melo

Ivan de Oliveira Melo
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