Atrás dos montes vi uma andorinha...
Trôpega, com uma das asas quebrada.
Piava pedindo socorro, estava sozinha,
Não sabia o endereço daquela estrada.
Perdida do bando que seguiu revoada,
Lamentou sua sorte... agora era doente,
Difícil seria outra vez voar nas alvoradas,
Tinha uma piado triste, era minha cliente.
Dei-lhe abrigo em minhas mãos e segui,
Levei-a para casa, trataria o ferimento...
Dias e dias me dedicando ao seu porvir,
Alimentando-a de amor e de sentimento.
Não percebia que o tempo corria veloz
E, certa manhã, a andorinha voava na sala.
Logo chorei de emoção e engasguei a voz:
Lá estava o belo pássaro em ponto de bala!
Ofereci-lhe o dedo e, nele, ela doce pousou.
Já não piava. Agora cantava linda sinfonia...
Era uma canção alegre que entendi ser amor
Que exalava de si, agradecendo à enfermaria.
Na alvorada seguinte houve uma despedida.
Levei-a até os montes onde a tinha achado
E a ave voou saboreando a liberdade da vida.
Retornei ao lar. Estava feliz e recompensado.
Quando entrei no quarto vi algo sobre a cama.
A andorinha deixara um ovinho: uma chama!
DE Ivan de Oliveira Melo
© Todos os direitos reservados