Senta-se à beira da janela.
Lá fora o imprevisível a espera…
O olhar se perde no belo que se abre
recolhendo as cores da tarde, que se fecha.
Vê o sol dar seus últimos suspiros.
Algumas estrelas brilham em silêncio
na noite que chega e toma espaço
respeitando a lacuna da lua que não veio
tornando a noite mais escura.
Fica inerte e nas paredes frias do quarto
reverte seus impenetráveis recatos
em desejo de se lançar na escuridão
sem os badulaques de contra-mão
à procura de um sol que acalente
o inverno de seu coração.
De partir sem saber para onde
em busca que a livre a alquimia
das infinitudes do mundo,
retalhos costurados, sobras do dia,
restos de dor dissipados,
nenhuma fantasia.
Deixa a janela que nada mais lhe revela
a não ser o escuro da noite sem lua
e cintilações de estrelas ,
meras ilusões do passado.
Decidida, parte em busca da vida.
Não olha pra trás, se desfaz dos recatos,
tentáculos querendo lhe agarrar
e antes que o sol renasça, de repente,
quer estar o mais ausente,
no longe que seus pés possam alcançar,
a observar, do poente,
a vida como se vive
na graça de ser livre.
Carmen Lúcia
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