Este imenso vazio,
Que minha alma tece
de teia, em seu redor,
em farpado arame.
São tenazes de frio
metal que padece,
rasgando, cruel, de dor
o ser, evo, por ditame...
 
Mas, alma, que lei te rege,
insensatez ou demência?
Que destino vilão tramas
Ao espírito que sustentas?
Que danado cão herege,
De uma bendita dormência,
O tentas? Porque das chamas,
Ao corpo, ardem tão lentas?
 
Este profundo vazio
Em meu coração dorido
De mágoas acutilantes
que lhe retiram vigor.
São tenazes de frio
Rasgando fundo bramido
Do silêncio que ostentas,
Velhaca, com teu rancor.

 

Lisboa

Triste Poeta
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