Caminhas só,
como sempre tens caminhado na tua intimidade.
Caminhas como segredo coberto por pó,
e que não se resume a felicidade.
És muito mais que as ruas desta cidade.
Tanto mais que não sabes sentir dó.

Uno e intocável,
estrategicamente projectado.
Jamais serás domesticável
e atacarás quem ouse te tornar um ser enjaulado.
Coitado!
Serás na boca de coruja, cascavel.

E quem não sentes,
é carne que passa por ti.
São apenas seres doentes
com o vírus de uma humanização que nunca vi,
que nunca senti.
Somos todos carne para dentes.

Ai de quem te olha nos olhos por maldade
ou aproveitamento.
Ai que não sabe o que sente quem não sente de verdade
e como sente o teu lamento.
Eu tento,
mas ai de mim e desta insanidade.

Ai de mim,
sem sonho e vontade.

Tomás Oliveira de Andrade
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