Só não deixe o rio do coração secar,
todo rachado,
vai ver quanta falta faz
lágrimas quando é belo o luar,
quando a roupa suja de queixumes
for jogada num canto,
o barco, encostado, dizer,
a dias que não almoço e nem janto,
os dedos dos pés sentirem falta
da água que corria,
do igarapé,
que corria
e ria...
Ria até não poder mais,
vai ver que o riso explode as gotas manchadas,
vai ver do que o riso é capaz,
de fazer sorrir até a mais triste palavra...
Só não faça nenhuma contenção e nem barragem,
deixe que o choro leve a dor numa longa viagem,
que apanhe os peixes da felicidade que hão de surgir,
só assim a secura que tinge os olhos vai sumir...
Prieto Moreno
© Todos os direitos reservados
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