Neste turbilhão de sentimentos mistos, estou confuso...
Talvez, quando eu nasci, o amor tenha de mim fugido.
Quem o sabe, se ele esteja em mim, mas distorcido?
Sinto que meu anjo da guarda é negro e instiga em mim o abuso.
Fui tratado como lixo, atirado sem piedade ao monturo.
Meu amor foi utilizado até que enferrujou e se tornou sucata.
Nenhum valor lhe é dado hoje em dia, nem o da falsa prata...
Resta em mim este anjo de má influência tão impuro.
Será que sou definido pelo conceito de sorte e azar?
Qual regra rege minha vida vazia, qual incontestável lei?
Penso que por mais que eu tente evoluir, serei plebeu, nunca rei
E mulher alguma será capaz, de enfim, me amar.
O anjo negro ri em seu supremo escárnio destrutivo:
"Estou em ti anulando quaisquer sentimentos bons!".
Ouço esta mensagem como uma cacofonia de horríveis sons
E sou tomado pela desilusão de quem existe, mas não está vivo...
Ah! Como eu queria sentir o mesmo amor que prega o Romantismo!
Mas há este anjo a atormentar-me, a perseguir-me em minha sombra!
Entorpecido emocionalmente, com a sensação de lombra,
Qual inferno me atrai com seu inexorável magnetismo?
O anjo negro o qual pousou em toda a minha sorte,
Ficou a me espreitar silencioso e maldito um dia...
Disse-me sem misericórdia em sua maligna cacofonia:
"Amarás em vão e serás solitário até tua morte!".
Licença
Sob licença creative commons
Você pode distribuir este poema, desde que:
- Atribua créditos ao seu autor
- Distribua-o sob essa mesma licença