Sob a abóboda, uma tonalidade âmbar,
Que entra quieta pelos vitrais.
Um leve aroma de incenso,
Que os dias de hoje já nem usam mais.
De joelhos, os fiéis contritos;
Em pé, os devotos aflitos;
Sentados, os mais conformados.
um grupo discreto murmura confiante uma novena.
A esperança é grande,
A sorte é pequena,
Só "Deus" que dá jeito.
Ave Maria, cabeça baixa, mão no peito,
Talvez um dia...
A viúva recente, a moça carente, o desempregado;
A mãe alarmada, a sogra injuriada, o velho doente;
Uma adolescente que quer namorado.
No nicho da esquerda, a imagem aparece sensibilizada.
Também, tanta prece...
Olhos comovidos, gestos suplicantes,
Aos pés uma rosa e a serpente pisada.
Lá na frente, um Cristo sofrido pede penitência,
Que o pecado é insistente,
O corpo é atrevido,
E a gente escorrega por inconsequência!
Depois do confronto,
O frasco de água benta na porta da saída.
Nada disso faz sentido...
Só a fé que te sustenta!
© Todos os direitos reservados