Sinto-me bem quando a vejo caminhar pela avenida,
Com seus dardejantes olhos negros a todos mostrar,
Ciúmes do vento que agita seus cabelos sem alarida
Ah, como é linda esta mulher! Olhos meus a admirar!
Desfila pelas calçadas, refulgente e de cabeça erguida,
Vai à bitácula, com o propósito o seu lanche comprar,
Rotina desta deusa, sem o lamento dessa vida sofrida.
Ah, como é linda esta mulher! Olhos meus a admirar!
Vestida de um longo, notabilidade assaz reconhecida,
Aplausos ébrios faziam-na a masculinidade consagrar,
A dona de uma formosura que jamais será esquecida.
Ah, como é linda esta mulher! Olhos meus a admirar!
Boca lasciva e inebriante era minha mais pretendida,
Pois a sua sensualidade era um ávido convite a oscular,
Sou o másculo que odeia, mas será a minha preferida.
Ah, como é linda esta mulher! Olhos meus a admirar!
Buquê de flores era o presente com olor da margarida,
Talvez por orgulho ou ódio a oferta não viesse aceitar
Assim caminho a minha estrada, ignorando a sua ida
Ah, como é linda esta mulher! Olhos meus a lagrimar!
Rivadávia Leite
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