Ela sempre baixou os olhos
para que não percebessem
o cárcere que havia em seu interior
Aquele que aplaca os sentimentos
não consegue ouvir os teus lamentos,
Fêmea triste
Da pequena jaula
partem gritos abafados
e tristes sussurros
Há pouca claridade
E as belas cores rejeitaram
o sufocante ambiente
Fêmea abatida
A tua prisão,
só a ti
vai deixando de ser
mistério
Não há macho
que conheça
os caminhos
que o levem
à ela
Fêmea aprisionada
O intenso calor
da carne tremula
implora pela gula
da boca molhada
Fêmea faminta
Gritos e gemidos
misturam-se
durante essa longa noite
de solidão
Excitantes sussurros...
Fêmea desesperada
Ainda não há
quem te ouça
Quem desvende
os teus segredos
Quem pressinta as
tuas dores
Quem te liberte
Quem te
envolva de amores
Fêmea solitária
Há fêmeas assim
Que vivem sozinhas
e acorrentadas
Há muitas
fêmeas enjauladas
Juarez Florintino Dias Filho
© Todos os direitos reservados