Solidão profunda, inafiançável,
Corrói meu imo, como uma chama ardente,
Deixa-me baço, inconsolável,
Apodera-se de meu coração plangente...
 
Solidão profunda, destruidora,
Onde estão os amigos fiéis e sérios
Para estender-me uma mão acolhedora,
Para me oferecer refrigério?
 
Solidão profunda, depressiva.
Quero-te tanto, amada, neste momento,
Para, com tua paixão agressiva,
Livrar minh’alma desse tormento.
 
Solidão profunda, incorreta,
Em teus olhos só vejo agonia.
Onde está a tua sabedoria
De que tanto se gaba o poeta?
 
Solidão profunda, devassa.
Adentra meu corpo, sem manto;
Deixa meu coração, frágil, em pranto;
Destrói tudo por onde passa.
 
Solidão profunda, cruel.
Amada, onde está o teu semblante,
Teu corpo lindo e elegante,
Teus beijos que conduzem ao Céu?
 
Solidão profunda, incessante.
Apesar da felicidade que aparento,
Há um enorme vazio por dentro,
Que me apunhala, a todo instante...
 
Solidão profunda, sofrida,
Agrediste-me de maneira tão forte,
Que nesta hora, somente na morte,
É onde vejo a única saída!
 
Solidão profunda, pesadelo.
Minha ascensão, do inferno ao Paraíso,
Só precisa, amada, do teu sorriso,
Do teus gestos ternos, teu desvelo.
 
Solidão profunda, senhora.
Beija-me, amada! Meu coração apetece.
Minha alma, sem ti, chora;
Meu corpo, sem o teu, padece...

Clayton Santos
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