Tudo muda,
arrefece,
mas a alma do poeta
permanece.
Inda em confronto com almas frias,
beiras de calçadas, esquinas, guias,
o poeta é só poesia.
Transitando por faixas brancas,
faixas negras ou brandas,
indo ou vindo, direções opostas,
seguindo a mesma direção,
almejando qualquer estação
a alma do poeta se recosta
e se volta para uma vitrine
onde está à mostra
o que ele perpetua,
o gesto de ternura,
transparência total,
luz de candeeiro
brilhante e pura,
delicada porcelana,
a vida que ama,
som de cristal...
Em tempo de guerra
ou tempo normal
a alma do poeta
o mundo aferra
de rico metal
de lírico vitral,
da lucidez insana
de seu sinal.
E a alma do poeta não perece.
Acontece.
_Carmen Lúcia_
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