Grato pelo pão de cada dia
Que alimenta um rato florão
Com suas amplas migalhas
Vivendo no subsolo da podridão
Acorrentado por séculos de escravidão.
Sucumbindo a angústia do tédio
Perdido no labirinto da rotina
Entregue ao sono profundo
Sem tempo para sonhar,
Sem alma para amar.
Sobre o prato reconhece a fome
Um nobre sentimento sem nome
Renuncia sua posse pelo fruto
Esbalda-se na carne mijada
Aguarda mais um dia de luta suada.
O choro retumbante resplandece
Um misto de alegria e desespero,
De prazer e irresponsabilidade.
Noites mal dormidas virão
Dias melhores – exceção.
A corte estende suas mãos (... 4)
Orgia de ideias sobre a mesa
Breve gozo sujo sob a ética
Sem informação, sem opinião, sem hesitação
Braços abertos para a mesma nação.
Renato Alves
© Todos os direitos reservados
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