A incomensurável dor do meu coração

Fibras musculares que freneticamente se agitam.

Aceleram a oitenta, noventa, cem vezes em um minuto.

Que fazem rir ou chorar

Mas fazem doer na milésima potência de ambos

Esmagam, estraçalham, atordoam

Sentimentos diferentes que trazem reações semelhantes ou antagônicas

Se alegria e regozijo, agitação 

Se sofrimento e amargura, palpitação

Quando em êxtase, pululam e saltitam

Quando em abatimento, constringem sobrenaturalmente

Lágrimas para um ou outro

A paixão insipiente carregando a empolgação

A atração longeva que abranda a chama

Amor não faz doer

Amor é puro, firme e correto

Construtor e inabalável

Porém, sujeito às intempéries

Ventos, tufões, furacões e tornados

Que fazem o amor cambalear

E cambaleando carrega a incerteza

A insegurança e o temor

E com estes a palpitação e insônia

A repulsa e anorexia

Oitenta, noventa ou cem vezes em um minuto

Pesando toneladas a cada marcação

Opressora demais essa dor

Cruel e avassaladora

Que faz rebaixar o mais vigoroso ser

E este, na humildade mais serena

Flete-se ao solo, implorando não ser mais trucidado

Erguendo-se com clamores e penúria

Suplica que seja apenas um amor

Mas que seja o maior amor

O inigualável, o infinito, ímpar

Que carregue pureza e limpidez

Que não seja meu, nem seu

Que seja eterno.

Que seja nosso: o Amor.