E o poeta, esse ser exacerbado...


Não cuideis que seja a poesia, retrato fiel da realidade. Na verdade, é o poeta, um ser de sensibilidade à flor da pele.
É nas raias da hiperestesia, que ele (poeta) retira das coisas (e pessoas), conteúdos, em volume e intensidade que outros não conseguem. Ou que elas mesmas (as tais coisas e pessoas) nem imaginam possuir. 
Afinal, está a beleza, nos olhos do que vê.  Assim como, o tato, nos dedos do que sente e o amor, no coração do que ama.
E vive esse tal poeta (criatura mais desavergonhada), numa dimensão paralela e particular, própria a esse ente tão mal compreendido pela ciência convencional.  
Tal qual a “apis melífera” que enxerga nas flores uma nuance ultravioleta que outras espécies não conseguem ver, e assim, num simples sobrevôo, apenas com o olhar, selecionar das rosas, as recém floradas, repletas da seiva nutritiva.  Também o “homus apaixonadus” possui esse sentido extra, capaz de sentir além dos sentidos, amar além do amor e viver além da vida.
No mundo desse ser exacerbado as cores são mais fortes, os odores mais doces, os prazeres mais intensos, as dores insuportáveis, as saudades mais sentidas...
 
Talvez fosse melhor não ser poeta...
 
Passar a vida sem sentir o que eu senti?
Sem amar o que eu amei,
Sem chorar o que eu chorei
E sem viver o que eu vivi?
 
Nunca... Jamais!
 
E que me perdoem os simples mortais...
 

BRUNO
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